Coluna - Mercado e Inovação

Mercado e inovação

Tema: Mercado e inovação

Veículo: Diário da Manhã

Número: 10.923

Página: 19

Caderno: Opinião Pública

Data: 11/09/2017

Mercado e inovação

No mundo, as empresas são responsáveis pelo maior número de registros de patentes, índice utilizado para quantificar a inovação. No Brasil, os Institutos de Ensino e Pesquisa e o Governo são os maiores responsáveis pelas invenções, seja de produtos, processos ou métodos, com 77% do total de pedidos de registros, em 2016. Poderíamos nos gabar da eficiência de nossa pesquisa institucionalizada,  se a verdade dos números não fosse vergonhosa para nós. Somos responsáveis por apenas 0,2% da inovação no mundo, segundo dados oficiais da Organização Mundial de Propriedade Intelectual, a OMPI. Em números absolutos, a Petrobras supera as universidades no Brasil, ainda que o conjunto de inovação brasileira represente um décimo do poder de inovação de uma única empresa mundial do ramo de tecnologia.

Essa posição vexatória é resultante de um conjunto de fatores, como a dificuldade de se registrar patentes - no Brasil a média é de 10,8 anos para obter um registro, enquanto nos EUA a média é de 2,5 anos -, a vocação brasileira das universidades, que não tem foco em pesquisa; e mesmo a posição do mercado, com baixos investimentos em pesquisa, desenvolvimento e inovação. A presença de mestres e doutores em empresas é uma novidade no Brasil, assim como a existência de setores dedicados à pesquisa e inovação. Grandes empresas, como a Petrobras, mantém pesquisadores em seus quadros, embora seja mais exceção que regra. As articulações entre universidade e mercado igualmente carecem de melhoria. A despeito das investidas do Sistema S, que criou faculdades para efetivar essa aproximação, da FINEP e várias outras instituições que fomentam a articulação entre universidade e empresa, ainda vigora uma baixa proximidade entre as áreas.

Se por um lado é ainda comum ouvir professores universitários declararem seu desprezo pelo mercado, não enxergando que ele próprio vive e produz em e para um mercado, do outro lado empresas se queixam do baixo pragmatismo dos doutos professores e da produção despreocupada tida nas universidades, distantes ainda com as necessidades sociais, que ultrapassam conceitos teóricos.

Em pesquisa recente, a CNI - Confederação Nacional da Indústria - identificou que os altos custos de manutenção de áreas de P,D&I nas empresas, aliado ao tempo delongado de produção de inovação, tornam praticamente inviáveis, fazendo com  que as empresas não invistam em equipes próprias. Somente grandes empresas de base tecnológica conseguem tal manutenção. A alternativa, de fato, seria o aproveitamento das universidades, com seus centros de pesquisa e laboratórios, além de seu quadro de professores pesquisadores e de pesquisadores em formação, os mestrandos e doutorandos. Nesse arranjo, os ganhos de uma e outra partes são notórios, como se verifica em ecossistemas nos Estados Unidos, Europa e Ásia.  

A articulação entre universidades e empresas visando inovação não é mais uma questão de estratégia. É questão de sobrevivência em uma sociedade do conhecimento

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