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O córtex cerebral e tecnologia

Tema: O córtex cerebral e tecnologia

Veículo: Diário da Manhã

Número: 11.251

Página: 18

Caderno: Opinião Pública

Data: 06/08/2018

O córtex cerebral e tecnologia

A camada externa do cérebro é também responsável pelo processamento da linguagem, da memória, da atenção e da consciência. Conhecido como o local do processamento cerebral mais sofisticado e singular, o córtex cerebral tem sido usado como uma metáfora para inteligência, pela função que ele exerce, sintetizando o que chamamos de inteligência. Paleocórtex, Arquicórtex e Neocórtex formam as áreas responsáveis pelas percepções, sensações e inteligência, havendo, pelas sinapses e pelas características da neuroplasticidade, estudos que indicam a redução da massa cinzenta, como é popularmente chamado o cérebro, em função do desenvolvimento da inteligência colaborativa, também conhecida como coletiva.

De um modo ou outro, está claro que o impacto das tecnologias digitais alcança o córtex cerebral, alterando suas características funcionais e mesmo sua constituição fisioanatômica, com repercussões na evolução da espécie humana, a longo prazo. Algumas pesquisas do neurocientista Miguel Nicolelis identificam a vinculação de cérebros, em sinapses tecnológicas, criando uma nova e poderosa rede mundial de conexões, chamada Brain-net, um tipo de conexão cérebro-cérebro, via tecnologia, algo como uma internet cerebral.

Esse exercício, que hoje já efetiva seus primeiros passos, estabelece uma nova matriz de pensamento, cuja evolução se funda na colaboração, tendo a tecnologia como a mídia. A tecnologia baseada em conectividade supera as mídias clássicas, não mais convergindo-as para um único ponto, mas suplantando-as a partir de um único fundamento: a conectividade.

Se nosso exercício contemporâneo de mídias sociais e estruturas multiplataformas já nos faz ler jornal no computador, assistir televisão no celular e fazer chamadas de vídeo nas Smart TVs, é de ponderar também que a aceleração tecnológica reinventará o modelos social, com empregos, funções, práticas sociais e culturais, em um contexto de cidades inteligentes e, mais que isso, de uma inteligência compartilhada, como é o caso da própria tecnologia, que é conhecimento científico culturalmente assimilado por uma comunidade. Em outras palavras, estamos inventando nosso futuro a cada dia, sempre mais apressadamente, pela urgência que temos de sermos melhores, de fazermos melhores. Se a zona rural está reinventando métodos de produção, com eliminação de empregos e aumento de produtividade, as cidades farão operações de crescimento, criação de novas funções e profissões, para demandas menos relacionadas à base da pirâmide de Maslow. Vamos poder exercitar, colaborativamente, nossas inteligências, compondo um amálgama criativo de novas práticas sociais. É nosso córtex, operando na modelização da cultura, como sempre fez.

Não por outro motivo, Aparecida de Goiânia sedia, ao longo do mês de agosto, o evento Córtex, um festival de cultura digital, tematizando e exercitando, com a equipe do Media Lab / UFG, esses modelos de inventar o futuro. O evento abriga, além de exposições, mostras de filmes e sessões do Planetário Móvel da UFG, o I Encontro Regional Centro-Sul da ABCiber, a Associação Brasileira de Pesquisadores em Cibercultura. A mudança, como era de se esperar, é um exercício da cultura. E, por força dos tempos, da cultura digital.

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