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O legado de 2018

Tema: O Legado de 2018

Veículo: Diário da Manhã

Número: 11.390

Página: 15

Caderno: Opinião Pública

Data: 24/12/2018

Somos humanos mais inteligentes. A despeito de todas as raivas passadas em 2018, das fake news que tiraram do sério várias discussões que deveriam ser sérias, e mesmo das posições simplistas e extremistas de algumas pessoas, próximas ou distantes, que ainda não enxergam a complexidade do mundo, 2018 nos deixou mais inteligentes.

Na Universidade de Oklahoma, nos EUA, examinamos o céu com outros olhos - usamos a técnica conhecida como mocrolete gravitacional - e descobrimos novos planetas extragaláticos. Inventamos, na Universidade de Harvard, nos EUA, um novo olho artificial controlado eletronicamente, combinando uma lente plana com um músculo artificial, aumentando a capacidade de corrigir astigmatismo e o deslocamento de imagem, de modo dinâmico. Na Universidade Northwestern, também nos EUA, criamos o memotransistor, um híbrido de transístor e memoristor, passo importante para o desenvolvimento da computação neuromórfica, aquela baseada em processadores que imitam a forma como o cérebro humano trabalha.

No  Imperial College de Londres, conseguimos fundir células vivas e não-vivas, de modo a permitir seu trabalho conjunto. Criamos, na Universidade de Toronto, no Canadá, uma impressora 3D portátil capaz de fazer a aplicação de camadas de tecido da pele em pacientes com feridas, cobrindo e curando o ferimento. Na Universidade de Newcastle, ainda na Inglaterra, desenvolvemos a primeira córnea humana feita a partir de impressão 3D, combinando células tronco da córnea de um doador com alginato e colágeno, formando uma solução que pode ser impressa. Na Universidade de St. Andrews, também na Inglaterra, criamos o laser ocular, uma espécie de lente de contato que pode emitir luz laser.

Voltando ao Canadá, na Universidade de Waterloo, descobrimos uma maneira mais rápida e eficiente de armazenar e processar informações, a partir de uma luz que pode induzir a magnetização de determinados semicondutores. Com a NASA, nos EUA, descobrimos material orgânico em Marte. Na Alemanha, um programa de computador da Universidade de Bonn faz, baseado em auto-aprendizagem,  previsões de futuro imediato - de até 5 minutos - com nível de precisão impressionante.

Na terra já experimentamos a tecnologia 5G, enquanto Saturno puxa para si, pela força gravitacional,  seus anéis. A China construiu uma estrela artificial que pode mudar o rumo da produção energética, e nós, brasileiros, inauguramos o maior centro de pesquisa do país, Sirius. Os ingleses criaram miniatura de células solares colocadas em tecidos, encapsuladas em resinas, fazendo com que roupas possam produzir energia. Mais próximos, em Aparecida de Goiânia, Furnas inaugurou o primeiro Túnel de Vento do país, voltado para pesquisas de geração de energia eólica.

Juntos, desenvolvemos muito em Ciência e Tecnologia, em 2018. E a complexidade do juntos parece ser, ainda, um dos nossos maiores problemas. O legado de 2018 é enorme, nos avanços que fizemos, ainda que, de outro lado, tenhamos testemunhados e protagonizados eventos que evidenciam traços de involução. De um modo ou outro, a complexidade do mundo e do humano podem ser, talvez, o maior legado que 2018 nos deixa.

Leia o artigo publicado.

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