A ciência em evidência, por poucos dias

A ciência em evidência, por poucos dias

A sociedade contemporânea é uma invenção da ciência. O modo de vida que temos é completamente dependente das ciências, seja na produção dos vários produtos, em sua circulação e no consumo. É por causa da ciência que comemos o que comemos, vestimos o que vestimos, fazemos o que fazemos e vivemos como vivemos. Medicina, Engenharias, Química, Física, Biologia, Matemática, Geografia, História, Comunicação, Computação, Artes, Sociologia, Antropologia, todas as áreas de conhecimento tiveram avanços significativos em função da pesquisa científica. Desses avanços, a tecnologia talvez seja a invenção mais proeminente, responsável, por sua vez, pela mudança no modo de nos comunicarmos e nos socializarmos.

Os países que mais se destacam na atualidade investiram exatamente no desenvolvimento das ciências, conquistando melhoria de qualidade de vida e desenvolvimento econômico. No Brasil, as ciências ainda pedem atenção. Os quadros de cientistas praticamente não existem, as instituições que realizam pesquisas são poucas. Mesmo nas universidades, a pesquisa é relegada a um segundo plano, visto que a prioridade é o ensino. Ainda que se saiba que a pesquisa é o sustentáculo do desenvolvimento e da formação de profissionais para a sociedade como um todo, e que em média uma vaga para áreas científicas gera cinco outras vagas de emprego, o investimento brasileiro nas áreas científicas é pífio, se comparado aos países desenvolvidos. Para um país que já ocupou a sexta colocação no ranking das maiores economias do planeta, amargamos uma posição bem menos relevante, com perspectiva de retrocesso nos próximos anos.

Em meio à crise das universidades - UERJ com pagamentos atrasados, UFSC com reitor suicida, UFSB com reitor demissionário, UFRJ com paralisações constantes de seus terceirizados, por falta de pagamento - e dos programas voltados à pesquisa - bolsas eliminadas ou reduzidas, programas de formação e de apoio à pesquisa cancelados - estamos prestes a entrar o período em que as ciências são o tema central das discussões. Com a Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, várias instituições promovem ações voltadas para a visibilidade de sua produção científica e tecnológica, e para a relevância da pesquisa e da tecnologia para a sociedade.

Com o tema "A matemática está em tudo", a semana, oficialmente comemorada entre 23 e 29 de outubro de 2017, é o mote dos vários eventos que ocorrem, desde o dia 16 de outubro, em várias cidades e instituições. Dentre os eventos programados para Goiás, o Dia C da Ciência, evento que pretende dar visibilidade para as ciências e seus feitos, será também um grito de alerta sobre a necessidade de se investir mais na área - os investimentos estão sendo reduzidos cada vez mais. O Inova Day, marcado para o dia 17, discutirá a articulação entre ciências, universidades e o mercado. O CONPEEX, evento da UFG que ocorre entre 16 e 18, apresenta toda a produção da maior universidade goiana, com destaque para a exposição "EntreSaberes: do Céu ao Solo", em cartaz no Media Lab, Câmpus Samambaia. A FECITEC, na cidade de Aparecida de Goiânia, fecha o calendário de eventos sobre Ciência e Tecnologia no Estado, ocupando o Centro de Cultura e Lazer José Barroso, nos dias 30 e 31, apresentando pesquisas realizadas nos Ensinos Fundamental, Médio e Superior.

Ciência e Tecnologia são inegavelmente as ferramentas de conhecimento mais poderosas da atualidade. No Brasil sem Nobel - os campeões são EUA e Alemanha, com 355 e 105, respectivamente, e na América do Sul o Peru tem 1, Chile tem 2, Colômbia tem 2, Venezuela tem 1 e Argentina tem 5 - a ciência tem visibilidade em apenas poucos dias por ano. Saibamos aproveitar ao menos o que nos resta.

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