Coluna 27-05 - Sobral, a Ciência e a relatividade absoluta

Sobral, a Ciência e a relatividade absoluta

Tema: Sobral, a Ciência e a relatividade absoluta

Veículo: Diário da Manhã

Número: 11.449

Página: 20

Caderno: Opinião Pública

Data: 27/05/2019

Em 29 de maio de 1919, a cidade de Sobral, no Ceará, fincou bandeira na história da Ciência, ao receber uma equipe de cientistas ingleses que comprovou a teoria da relatividade, apresentada em 29 de novembro de 2015, na Academia de Ciências da Prússia, por Albert Einstein. A cidade cearense foi escolhida por apresentar as melhores condições no mundo para a visualização de um eclipse solar, ocorrido naquela data. Com equipamentos modernos para a época, os cientistas acompanharam o eclipse, que teve início às 8h55min e duração de 5 minutos e 13 segundos. A praça do Patrocínio, em Sobral, foi o cenário da comprovação de uma das mais instigantes teorias da Ciência moderna: a teoria da relatividade, que aposentou a compreensão de um universo absoluto e fez ver as variações do espaço-tempo, que se firma como grandeza relativa, que depende do observador.

Os estudos de Einstein incluíam, fundamentalmente, a noção de espaço-tempo como elemento uno e a atividade gravitacional, para estruturar o modelo einsteiniano da física. Ao observarem as estrelas mais próximas do sol, durante o eclipse, os cientistas comprovaram a variação de sua luz, reconhecendo o princípio da teoria construída por Einstein. A Relatividade Geral foi a base científica que fez o homem repensar questões essenciais, como a origem do universo, a estrutura dos buracos negros e a unificação das forças da natureza, ou teoria do campo unificado. Também possibilitou a sua aplicação em ações concretas, como a busca por planetas extrassolares, a determinação da massa de galáxias distantes e o desenvolvimento de sistemas GPS, comuns hoje em automóveis, celulares e mísseis balísticos. O que foi visto, na época, como uma descrição exótica da gravidade, tornou-se um instrumento essencial da ciência, com desdobramentos que fundamentam nossa compreensão do universo.

O grande achado científico, vislumbrado e não resolvido por Isaac Newton, definiu o espaço-tempo como relativo e, portanto, maleável, flexível. As dobras do espaço-tempo são resultados exatamente dessa compreensão, de que o vazio espacial não é exatamente vazio, mas constitui-se como um elemento em si, que exerce força sobre outros elementos celestes e por eles sofre impacto. A nova visão da atividade gravitacional conduziu Einstein para uma verdadeira revolução da Física e das Ciências.

E nossa Sobral foi o palco da primeira comprovação científica dessa teoria que, apesar de centenária, ainda é pouca conhecida do grande público. Que o digam os terraplanistas, os incrédulos e incultos detratores das descobertas e invenções do campo científico. Em uma sociedade moldada pela Ciência e sustentada pela tecnologia, é preciso conhecer melhor esses dois protagonistas de nossa época, de nosso espaço-tempo e de nossa civilização. A Ciência e a Tecnologia não são apenas disciplinas ou áreas de conhecimento, são os instrumentos com os quais a nossa sociedade alcançou seu ápice, e o modo como se supera, dia-a-dia. E seu locus se mantém, metodológica e magistralmente, nas universidades, guardiãs de um modo de vida, propagadoras incansáveis do Método Científico, cumulativo, social e, até aqui, insuperável.

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